domingo, 27 de abril de 2008

Direto do túnel do tempo

achei meus cadernos escritos, e neles uns textos que, quando os leio hoje, não sei se admiro minha imaginação ou se acho graça... mas vá lá.


sem-título

interessado em meu valor, faça de tudo para realmente conseguir aquilo que mais quer de mim. eu sei, sei que não vale cada coração que ponho em tua frente. você quer mais, mais corações indefesos (você quer o meu). pobres dos que são fracos e vêem em ti o amor. mal sabem... ele quer teu coração. bobo, tu és. deu à ele. em troca, recebe o amor e um cuspe na cara. e na verdade isso é só o começo. isso terá fim? o seu fim será igual ao dos outros, a exposição do teu coração num colar de brilhantes. roupas de luto. sanguessuga impiedoso, quer uma coleção. mas, um dia, o coração dele será retirado e comido por feras, tudo o que fizestes com os outros será feito a ti, tu serás partido em dolorosos pedaços, com prazer misturado a angúsia de cada uma de suas vítimas, seus pedaços serão saboreados com satisfação e depois cuspidos com nojo, o mesmo que tinhas, e então sentirás em teu estado pútrido o que fizestes com os outros e verás em exposição, juntando olhares proibidos que julgam e terão o mesmo fim.
no final disso tudo, ainda consigo ouvir teu riso, abafado pelo pulsar do meu coração que se manteve vivo pra escrever de você, a pessoa que eu mais amei até hoje.

(2003, 15 anos e muita caraminhola trágica na cabeça)

sem-título II

pronto, estava feito. seus neurônios haviam se fundido. ansiosa pela vida. carente de liberdade. porque é só sobre isso que ela fala? apesar desse conforto, o fuzil do sonho a assusta. sério, mas seria tão bom se fosse por escolha própria. eu tenho o poder de cortar a simpatia das pessoas. besta! depois reclama! impressionante como travo facilmente um monólogo de uma pessoa só comigo mesma. hiper-hipérbole. vida. palavras deconexas que fazem um sentido único e sólido para mim. grande, grandiosa. é bom escrever palavras que gosto. esse texto é um capricho. emoção? tem sim, mas só eu enxergo. depois de mil horas escrevendo, olho pra cima, e vejo que não escrevi quase nada. merda.

(2005, 17 anos e muita caraminhola desconexa a cabeça)

Um comentário:

Vicky disse...

O engraçado dos textos é o amadurecimento,progressivo,antes uma adolescente agressiva,depois uma jovem destraída.Gostei,gosto de ler coisas que escrevemos a algum tempo,dá para fazer paralelo e ver um pouco o que somos hoje e não mais seremos amanha.