Os selvagens são os melhores conselheiros.
Eles não vivem com ninguém, não andam em pares, não precisam de outro alguém para sobreviver.
Mas sabem dar conselhos como ninguém.
Não que os selvagens consertem a vida de outra pessoa, mas as vezes um humano comum pode se cegar com sua própria visão, e cego de si próprio, recorre a ajuda de um selvagem, que o faz novamente, tomar as rédeas de sua visão.
No transtorno diário da vida, situações, neuroses, estresses colocam cada vez mais muros diante dos olhos, e esses muros crescem rápidos, e tem raízes que se não foram rapidamente cortadas, ficam tão profundas e fortes que se torna cada vez mais difícil destruí-las.
É preciso alguém de fora, alguém que entenda do sentimento humano.
Que me desculpem os descrentes, existem pessoas que compreendem os sentimentos humanos e ajudam as outras a entenderem, compreenderem um pouco melhor, essa selva de sentimentos que só os poucos nativos desse lugar conseguem compreender tão claramente.
Porém, cada um desses selvagens, desses poucos nativos selvagens que existem, sofrem por conseguirem entender tão puramente a natureza humana alheia.
Eles não conseguem compreender a sua própria.
Não conseguem por ordem em sua própria vida.
Eles sofrem porque querer encontrar seu par, ter alguém, mas os selvagens vivem só, seria contra sua própria natureza.
Por isso não contam isso a ninguém.
Eles sabem que nasceram para serem assim, criaturas solitárias que andam ao redor do mundo, ao redor de seu próprio mundo criado, para ajudar as pessoas a se entenderem.
Sabem que tem que enfrentar essa contradição, pela sua satisfação maior.
E sobrevivem do que colhem, dos sorrisos dos outros, por ajudado alguém, da gratidão.
Isso os move.
Faz com que continuem seu trabalho.
Continuam andando por aí, conhecendo almas novas, sorrisos novos, olhares novos, lugares, cheiros, sensações e não conseguem parar, pois tem uma incrível força dentro de si, que é alimentada pela colheita que fazem.
E não trocam essa vida por nada, por mais arriscada e solitária que seja.
Um comentário:
Complicado é saber onde fica a linha que divide o civilizado do selvagem...
(bonito texto)
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