I. Cada dia que passa, mais minha certeza de que eu nasci realmente para torcer para o Fluminense Football Club aumenta. A paixão vem desde cedo, desde pequenininha quando meus pais passaram esse sentimento pra mim como a melhor herança que poderiam me deixar. Graças a Deus que eles torciam para o Flusão. Meu pai do impossível se fez tricolor. Sua mãe flamenguista, seu pai vascaíno. E a dúvida para qual time torcer? Ouvindo o rádio, sintonizado num jogo do Fluminense, a decisão mais racional veio... “Serei tricolor!” Minha mãe tricolor desde que nasceu, com pai e mãe também tricolores. Nada mais óbvio que o fruto dessa perfeita união fosse uma tricolorzinha! O ínicio da história já estava escrita, os anos que viriam a partir dali só afirmariam esse começo. Desde que tomei consciência sobre times, futebol e amor ao clube comecei a acompanhar o Fluminense em sua jornada na medida em que eu podia. Fui fiel à ele nos momentos de vitória e nos de crise. Quando meu time chegou a terceira divisão, lá estava eu, apoiando-o e indo contra diversos amigos que me achavam louca por ainda torcer por esse time. Tive amigos que mudaram, viraram a casaca. Inclusive um grande amigo da minha infância descaradamente começou a torcer pelo flamengo que, se me permite o roubo da fala, “40 minutos antes do nada” já era o nosso principal rival. Apesar de toda devoção, sentia que algo ainda estava incompleto. E percebi que o que me faltava era ir ao estádio, e ver de perto meu primeiro amor. Como ainda era pequena quase supliquei a meu pai que me levasse ao Maracanã, o grandioso Maracanã. Pedido concedido. O frio da minha barriga, a medida em que eu ia me aproximando dos portões, ia se espalhando pelo o meu corpo inteiro. Enfim estava no gigante, assistindo ao jogo do meu time do coração. Meu pai me levou duas vezes, a jogos nada importantes. Infelizmente com o Maracanã vazio. Me perguntava, cadê aquela majestosa torcida tricolor? Ressalto que meu pai, a muito estava “de mal” com a torcida pó-de-arroz. Quando ia aos jogos, ou se via brigas, ou não se via nada. Por isso, anos se passaram sem que ele fosse ao estádio, e muito menos me levasse novamente. Até o ano de 2007...
II. Início do ano de 2007. Início de meu curso pré-vestibular. Início de um ano com presença em muitos dos jogos do Fluminense no Maracanã. Não dizem que os anos de pré-vestibular são inesquecíves? Confirmo. Quando eu comecei o curso eu poderia imaginar que conheceria um amigo que me faria voltar a ir ao Maracanã, e logo de início, num clássico? Nunca. Mas assim se fez, e esse clássico foi nada mais, nada menos que um Fla X Flu.
III. 29 de março de 2007, as 20:30 jogo válido pela Taça Rio, lá estávamos nós. Lá estava eu, em êxtase. Lembra do meu frio na barriga/corpo que se deu na minha primeira vez no maior estádio do mundo? Pois é, de novo ele, e em intensidade dobrada! Era um Fla X Flu! O clássico dos clássicos, o jogo mais charmoso! E era o meu primeiro! Inacreditável! Eu olhava pra torcida, pras bandeiras, meus olhos brilhavam diante daquilo. Ouvia as músicas e decorava ali mesmo no calor do momento. “Se o Fluminense perder, se o jogo terminar empatado, já me vale essa noite por estar aqui, no meio da torcida do meu time querido!” Pensava eu no início do jogo. E que inicio de jogo... Ao fim do primeiro tempo, quem estava a frente do placar era o Flamengo. Mas era só o fim do primeiro tempo, não da partida. Segundo tempo, Fluminense volta a campo mais ligado. Jogo empatado. Jogo terminando. Ansiedade aumentando. O cronômetro marcava 48 minutos do segundo tempo. O inacreditável acontece. Thiago Neves, Alex Dias e Cícero. Esses três nomes, naquela noite, contribuiram para o meu retorno ao Maracanã no ano de 2007 fosse algo mágico e inesquecível, por completo. A vitória era tricolor! A partir desse dia minha vontade de estar em todos os jogos no Maracanã, ia aumentando. E de fato comecei a ir em todos que podia. Com isso pude observar uma mudança significativa na postura da torcida que a cada jogo vinha crescendo e tomando força. Tomei conhecimento dos fundadores dessa iniciativa e passei a admira-los. E a cada partida que eu ia a festa era mais e mais bonita. E continua sendo, continua crescendo. Cada vez mais pessoas se empolgando com isso, contagiando sempre mais e mais. Músicas novas sendo criadas, ao mesmo tempo o resgate de tradições tricolores nas arquibancadas. Considero nesse ano, três acontecimentos que eu sinceramente não vou esquecer. O primeiro, já citado, foi o clássico dos clássicos. O segundo... Ahhh, o segundo.
IV. Final da Copa do Brasil. Fluminense e Figueirense. Aflição, nervosismo, náusea, ansiedade e coração acelerado assistiam a partida sentados no sofá. O Fluminense tinha que ser campeão, ele tinha... Ele foi! Com o placar de 1X0, gol do Roger, no ínicio do jogo, o Fluminense ganha o título de Campeão da Copa do Brasil. Ao fim do jogo, lágrimas, correria pela casa e a Tijuca inteira acordando com meus berros na janela. Eu era só emoção. No dia seguinte, recepção do time no aeroporto, desfile dos jogadores com a taça e a legião de tricolores alegres nas ruas, e eu, minha mãe e meu pai lá, juntos! Felizes! A carreata em direção as Laranjeiras foi algo inexplicável. Bandeiras pra fora das janelas dos carros, buzinas a todo vapor, por onde passávamos a felicidade contagiava. Ainda me emociono e sinto um friozinho na barriga quando lembro desse dia.Por fim o terceiro acontecimento marcante. O dia em que eu consegui fazer meus pais (principalmente meu pai) voltarem a ir ao Maracanã e ficar de bem com a torcida.
V. 23 de setembro de 2007 as 18:10, jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. O inesquecível Fluminense X Botafogo. O jogo já começou perfeito, na subida da rampa já começa a tocar o hino e cantando junto a torcida tricolor num coro uníssono. Senti a euforia em minha mãe e a emoção em meu pai. Centenas de pessoas com o mesmo ideal, momento em que você deixa sua identidade fora do Maraca, e passa a fazer parte da torcida, passa a dividir o mesmo ideal, você se sente comum aos outros. Esquece tudo lá fora, durante 105 minutos você é a pessoa mais feliz do mundo e não tem problema nenhum. E tudo se embala nessa magia.Chegada às arquibancadas, coros de “Fluminense eterno amor...”, “Meu coração acelera...” e o glorioso Horto Mágico aqueciam a torcida para o que viria a ser, na minha opinião, o espetáculo mais lindo da torcida esse ano. Fluminense entra em campo, uma chuva mágica de bobinas inunda o Maracanã, piscas, bandeiras e com uma contribuição minha de um saco, papel picado! Seguido disso a torcida entoa “Fluminense eterno amor...”, deixando embasbacada a torcida adversária. “Silêncio no canil”. Nessa hora, o coração acelera mesmo. É a continuação do momento mágico, e tudo se desenrola numa euforia boa de sentir. É de arrepiar. As energias de várias pessoas ali dentro, se juntam e se transformam numa só. Não tem mais “você”, não tem “eu”... Nesse momento é “a torcida”, somos “nós”.Bom, e quanto ao jogo eu nem preciso comentar muito. Foram duas vitórias numa só noite, dentro de campo e nas arquibancadas.
VI. Nada mais me põe dúvidas de que, na minha vida, “tudo pode passar, só o tricolor não passará jamais”.E a cada jogo a torcida tem me deixando cada vez mais emocionada. E como disse no ínicio do texto, cada dia que passa, mais minha certeza de que eu nasci realmente para torcer para o Fluminense Football Club aumenta.Obrigada ao Fluminense, por ser o Fluminense. Obrigada a torcida, por ser a mais linda do Brasil. Tricolores em toda terra, fica a promessa de apoiar sempre o Fluminense, onde ele estiver. Até o fim. Nosso amor em comum!
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