domingo, 15 de junho de 2008

Apenas não tema.

(Foto por Mayara Bandeira)


Lá encontrava-se ele com sua beleza peculiar. Olhos concentrados. Não sei em que pensava, mas tinha os olhos fixos no horizonte, Parecia estar afogado em plena terra e embriagado de seus próprios pensamentos. Não quis aproximar-me, temia assustá-lo, arrancando-o de forma muito bruta de toda meditação que havia construído até ali. Olhei para mesma direção que ele. Horizonte com cores perfeitamente cadenciadas, sua beleza era inexorável. A superfície do lago tremulava, logo abaixo, com suas marolas delicadas que pareciam estar em paz, se divertindo, como expectadoras, a admirar também a perfeição que aquele céu se encontrava. Apesar disso, sabia bem eu que, não era o céu que ele contemplava. Sabia eu também que, tampouco ele estava enxergando aquelas maravilhas, apesar de estar com os olhos bem abertos e fixos. Andei em sua direção e sentei-me a poucos metros de distância. Via-o de perfil agora. Continuei a olhá-lo. Como disse anteriormente, era bonito. Tinha um olhar cálido quando sorrindo e, quando sério, tinha a morbidez de uma pintura, suave e belo. Sua pele me tentava a tocá-la. Seu ar me convidava a respirá-lo. Seus mistérios me pediam para decifrá-los. E ele, nada me dizia. Por isso sentia tanto prazer em observá-lo. Aliás, para não ser de todo hipócrita, dava-me palavras, que eu guardava em minhas coleções. Guardava-as todas, não deixava escapar nenhuma. De vez em quando eu as revia, as ouvia em lembranças, as compreendia. Ele não sabe, mas muito aprendi com elas até agora. Por fim, eram palavras, nunca convites. E eu esperava. Espero e observo. E as marolas iam e vinham. De repente vejo-o se mexer. Não quero que me veja, que perceba que o observo. Tenho medo que se sinta invadido. Não tenho saída. De certo iria me ver. Ele piscava os olhos e olhava para os lados, ainda sem reparar-me, como se tivesse acordado de um sono profundo. Não estava mais absorto. Reparou no céu, nas cores, olhou o lago e respirou um longo naco de ar puro. Fechou os olhos por alguns segundos e, por fim, levantou-se. Limpou a terra que havia ficado grudada em suas roupas e ao virar-se para ir embora, parou. Viu-me. Encolhi-me receosa. Piscou os olhos, contraindo sua face numa mescla de admiração, espanto e gratidão. Sorriu-me e acenou com a cabeça. Respondi-lhe, também, com um aceno. Passada a troca de olhares, foi embora.
Encontrei-me então, a olhar para o horizonte, sem nada enxergar, afogada em plena terra e embriagada com meus próprios pensamentos. Compreendi. Porém, quando acordei de meus devaneios, ninguém estava ali a me observar. Fui embora.

2 comentários:

Vicky disse...

brincou,senti o vento leve em meu rosto enquanto contemplava a imagem dessas historia,puder ver cada qual eu seu lugar assim aqui construido.Mas contudo tendo me para finais felizes,por favor faça desse um final feliz.
hahahahha
=*

Adrian Troccoli disse...

Tá apaixonada?
(...)