terça-feira, 10 de julho de 2012

E a história começa mais ou menos assim...


- Seis pães, queijo, iogurte, mais alguma coisa senhora?
- Um maço de cigarros também, por favor. (celular toca) Oi, meu bem... já estou no caixa. Não Mário... não. Não. Já disse que não, pode deixar... vou desligar pra pagar aqui. Beijo.  (desliga, celular no bolso) 
13, 80 senhora.
Pega dinheiro – aqui moça, brigada... – sai da padaria e sobe a rua. Acende um cigarro. Acabara de dizer a seu noivo, Mário, que não compraria-os, mas comprou. Fumava como se estivesse com um baseado na mão, tensa, pois a qualquer momento uma viatura a pararia. Não gostava dessa sensação de estar sendo controlada, queria um cigarro pra fumar com o prazer sádico que o fumante sente ao inalar a fumaça tóxica. Queria sentir se matando aos poucos, com calma, dando devida importância aquilo. Um cigarro não pode ser fumado de qualquer maneira, como se fosse qualquer coisa. Você deve valorizar uma tragada para tornar o ato um pouco mais nobre. Mas não podia faze-lo dessa forma. Seu noivo não gostava de saber estava fumando. Por isso, ainda que fosse apenas buscar o jornal na portaria do prédio, a menina levava sua bolsinha de mão, com álcool gel e umas balas para disfarçar o cheiro, pois qualquer oportunidade de inalar a fumaça não podia ser desperdiçada. Mário nunca percebia.
Não era um rapaz burro , era apenas ingênuo demais pra acompanhar o ritmo de pensamento de Camila. Ele se preocupava com sua carreira, em juntar dinheiro para casar com Camila, em montar família, enfim... “ser feliz”.
Camila já estava chegando no portão do prédio onde Mário morava sozinho. Tinha vindo ao RJ para estudar e seus pais ficaram no Espírito Santo, porém, ainda assim, não deixavam de se preocupar e acompanhar a vida do filho. O prédio, era um antiguinho, de escadas, em Copacabana. Era espaçoso por dentro, como todo apartamento velho da zona sul. Camila passava o final de semana lá, e alguns dias da semana também, apesar de não saber muito bem se era isso que queria fazer. Com a proximidade do portão, jogou sua guimba fora, passou o álcool nas mãos, e sacou uma halls da bolsinha. Tudo O.K pra que mário nem sonhasse que ela estava fumando. 

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