sexta-feira, 23 de novembro de 2012


claro
escuro
claro
escuro
(...)
- você vai queimar a lâmpada desse jeito.
claro
escuro
claro
- você ouviu o que eu disse?
escuro
- desculpe...
- vê se dorme.
- não consigo...
- é só isso que você consegue falar?
- você quer que eu fale o que? eu não consigo dormir!
- vira pro lado, solta essa porra de interruptor, se cobre e dorme, porra! fica enchendo a porra do meu saco, com essa merda de que não consegue dormir... todo dia a mesma merda.
claro
pega o copo na cabeceira, lança a água
- ... seu merda!!! porque você fez isso? seu... escroto!!
- pra você se acalmar... você que é uma escrota... fica berrando do meu lado.
- eu sou uma escrota? você, toda noite, fica com essa merda de apagar e acender luz, não me deixa dormir! nenhum diazinho sequer eu tenho paz, você parece um maluco. um maluco! e ainda me joga água na cara! o que você tem na cabeça?!? não sei porque que eu te aturo ainda...!
- você não entende...
- não mesmo!
- você nunca experimentou olhar as coisas, com a luz acesa... e depois apagar e ver que as imagens ficam marcadas na vista... que por mais que tudo fique preto, as impressões ainda estão ali e você sabe onde fica cada coisa...
- dorme.
- lúcia...
- o que carlos, o que?
- ... eu te amo.
escuro

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