quinta-feira, 19 de junho de 2014

Ininterrupto

Todos os dias quando eu acordo eu encontro um novo meio de suportar a vida dentro das paredes frias/quentes que me cercam. O não conforto é sempre presente: ou está demais ou está de menos. Tudo o que encaixa não existe e não é. O que fazer para suportar o arrastar dos dias que perpassam sobriamente por mim? Como uma cerca viva bonita, mas que também sufoca. A beleza que cerca. É belo porque rouba de você, suga o vital.
Meu descontentamento, meu desprazer, desmotiva o viver. Luzir o que padece. Padecer o que enlouquece e por fim viver.
Suspiro profundo cheio de vida, tentando evitar a morte. O medo da morte não me deixa ver que já morri para a vida mas continuo a respirar.

Paradoxo mortal da consciência, sobrevivência, essência, paciência.
E o que me resta é a pendência, já que nunca consigo estar e ser para fazer.



*** Texto escrito durante uma madrugada de sono não dormido. Como um sonho lúcido.

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